Vivemos num mundo capitalista que nos desafia todos os dias a comprar coisas. Há chamamentos em todo o lado, seja num anúncio na rádio a caminho do trabalho, na rua num outdoor ou até nos transportes públicos.
Desde há 2 anos que decidi mudar os meus hábitos de consumo e comprar menos coisas. No meu caso, o problema estava na roupa, acessórios e produtos de beleza. Para vos ajudar no caminho de aprender a resistir aos impulsos consumistas e viver com menos, partilho convosco algumas dicas:
1. Identificar a fonte do problema
Seja qual forma a origem do problema, o resultado é o mesmo: comprar coisas a mais, das quais não necessitamos. As origens podem ser várias: dificuldade em resistir aos saldos, sentir prazer em comprar, ir às compras como hobbie ou para compensar dias maus, colecionar artigos específicos... e a lista poderia continuar interminavelmente. O primeiro passo é perceberem exatamente o que vos leva a sentir que compram coisas de que não necessitam. E, para chegar lá, podem fazer um exercício simples: analisem tudo o que compraram nos últimos três meses, o que motivou cada compra e quantas vezes utilizaram o que compraram. Podem ficar surpreendidas...
Se o problema foram os sapatos de 90€ que comprámos o mês passado? Pode ter sido. Mas será que analisámos também as outras compras? Os 3 batons da Kiko a 3€ cada, as blusas em saldo a 7€, as botas a 9€ na Primark que não podíamos deixar escapar? Em «pequenas» compras, secalhar foram mais que os 90€ dos sapatos, por isso há que analisar todas as compras.
2. Analisar os vossos hábitos de compra
Pode parecer uma repetição do ponto acima, mas não é. O anterior permite-vos concluir no que gastam o vosso dinheiro, mas aqui devem também perceber qual é o vosso estilo de comprador. Há quem estoire o salário no final do mês, há quem sinta que poupa imenso a comprar a 2€ e no final do mês gastou 200€, há quem não consiga resistir aos novos gadgets do mercado e fosse capaz de vender um rim por eles, enfim, estilos há muitos. O que importa é identificarem o vosso para saberem como viver com ele.

3. Pensar antes de cada compra
Antes de qualquer compra, devemos questionar-nos várias coisas:
a) porque preciso disto?
b) tenho algo parecido ou que tenha a mesma utilidade?
c) se o comprar, quantas vezes vou usar?
d) porque me apetece comprar isto?
e) se eu não comprar isto, qual é o impacto?
Podem parecer várias questões, mas na prática, só chegaremos às últimas questões se nas primeiras tivermos respostas suficientemente boas que justifiquem a compra. A mais importante talvez seja a última, ou seja, é um «voltar à terra». Porque na maior parte dos casos, conseguimos viver sem comprar determinada coisa. O truque é imaginar: se eu não comprar isto, o que vai acontecer? Vou voltar a sentir a necessidade de ter esta coisa? Ou vou perceber que consigo viver sem ela?
4. Resolver os problemas já instalados
Se perceberam que têm coisas a mais em casa, então devem livrar-se daquelas que já não usam. Vão sentir-se mais leves e vai motivar-vos para seguirem o vosso caminho. Por outro lado, vão aperceber-se de tudo o que têm. Mesmo tuuuuudo. Quando se livrarem da tralha e comprarem alguma coisa, vão chegar a casa e pensar: mais uma coisa para ocupar espaço na minha casa. E aí pode soar a campainha: será que precisam mesmo dela?
Quanto ao que podem fazer para se livrar da tralha, vou deixar estes pontos para futuros posts:
- Doar aquilo que já não usam
- Vender aquilo que já não usam (OLX, Feiras, etc.)
- Mandar fora aquilo que já não usam (a arte de letting go)
E porque eu própria estou a seguir este caminho, vou fazer uma seleção de algumas coisas novas que tenho e sorteá-las aqui no blog. Porque aquilo que eu tenho a mais, pode ser útil para alguém!